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emprego


No aspecto comunicativo em que uma pessoa fala e a outra ou outras ouvem, ocorrendo a transmissão de uma idéia, acontecimento ou fato a partir de um código previamente determinado de forma arbitraria e convencional. 

Esse código, partindo de uma pessoa, por ordem gramatical trata-se da primeira pessoa do discurso, correspondendo ao pronome reto “Eu” (Eu que falo). A pessoa que ouve, por ordem gramatical, corresponde a segunda pessoa do discurso, correspondendo ao pronome reto “TU” (Tu que ouve), nota-se que no discurso impessoal é substituído pelo equivalente de tratamento “você”. E a pessoa de quem se fala esta ausente do discurso mas previamente identificada pelo nome, por ordem gramatical, corresponde a terceira pessoa do discurso “Ele”.

Portanto, quando a primeira pessoa fala ela pode falar “de eu mesma”, “de tu mesma”, ou de alguém que esta ausente “de ele mesmo”.

Assim sendo, pensando ser eu que falo para outro que ouve posso eu falar “de mi”, de ti, “de lhe”. Notemos o aspecto evolutivo de algumas formações e de proximidade entre o falante e o ouvinte.

1 São chamados de reflexivos os pronomes que se referem ao sujeito da oração:

Ex: Eu não me cortei: foi apenas um aranhão.

As formas oblíquas “se. si e consigo” funcionam como complemento de verbo e devem ser empregadas só como reflexivos, ou seja, devem ser empregadas para substituir um complemento de verbo na 3 pessoa que se refere a um sujeito também na 3 pessoa. Observe:

Ex: “Um moço azul atirou-se de um jasmineiro” (Murilo Mendes)

As formas do pronome reflexivos no plural – nos, vos e se-, quando indicam ação mútua, recebem a denominação de pronome recíproco, pois indicam reciprocidade de ação. Veja:

Ex: Amai-vos uns aos outros.

A reflexividade e a reciprocidade podem ser reforçadas, conforme a pessoa, pelas expressões a mim mesmo, a si mesmo, uns aos outros, reciprocamente etc.

Ex: Nós nos arrependemos reciprocamente.

2 As formas lo, lá, los, lãs substituem os pronomes oblíquos o, a, os, as, reectivamente, quando estes se apresentam depois de verbos terminados em r, s e z;

Ex: “O guarda fê-lo recuar.” (Machado de Assis)

O mesmo acontece depois da palavra eis e das formas nos e vos:

Ex: Só pode tirar a vida quem vo-lá deu. (Roberto Mesquita)

3 As formas no, na, nos, nas substituem, também, os pronomes oblíquos o, a, os, as,mrespectivamente, quando estes senapresentam depois de verbos que terminam em ditongo nasal (am, em, ão, õe):

Ex: “E os meninos vermelhos e risonhos amassavam-na com as mãos (…)” (Cecília Meireles)

4 As formas oblíquas lhe e lhes funcionam como complemento de verbo e referem-se a substantivos regidos de preposição. Não devem ser confundidas com os pronomes o, a, os, as, também oblíquos, que exercem a função de complemento de verbo, mas que se referem a substantivos que não exigem preposição. Veja:

Ex: “Catarina teve subitamente vontade de perguntar-lhe se fora feliz.” (Clarica Lispector)

5 Apenas de constituir erro do ponto de vista da Gramática, na linguagem coloquial do português do Brasil, já se aceita o uso dos pronomes retos ele, ela, eles, elas no lugar dos pronomes líquos o, a, os, as, respectivamente, devido a sua freqüente ocorrência:

Ex: “Se preza o emprego, chame ela de mandamento.” (Marcos Rey)

6 Os pronomes oblíquos, às vezes, podem ter sentido possessivo.

Ex: “Antes disso, digamos os motivos que me põem a pena nas mãos.” (Machado de Assis)

7 As formas compostas comigo, contigo, conosco e convosco já trazem incorporadas a preposição com:

Ex: “Comigo vai tudo azul.” (Roberto Mesquita)

8 Os pronomes oblíquos tônicos mim, ti, e si devem sempre vir precedidos de preposição:

Ex: “O conhecimento que tenho de ti/ É um dos meus complexos castigos.” (Murilo Mendes)

9 Há casos em que os pronomes oblíquos podem contrair-se entre si.

Exc: Você entregou o envelope ao carteiro? / -Sim, entreguei-lhe. (Roberto Mesquita)

 

(Mesquita, Roberto Melo; Grámatica da Língua Portuguesa; ed. Saraiva, 1ed., 1994)